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domingo, fevereiro 10, 2008

Páginas Tantas


Não sei se é o sabor da música, aquilo que me move.
Não sei se o faço por ti, porque encantas.
Como gosto do sol e de quando chove
Assim, sem igual eu venero Paginas tantas

Ai soubesses tu, o quanto me espantas
E como é grande a vontade de voltar…
Páginas de sentidos e expressões tantas,
Que um livro só não consegue juntar.

Perdidos entre o som e a multidão,
Juntem-se os amigos à volta da mesa.
Nasça o diálogo e junte-se um trago para animar.

Pois brinde-se assim às mulheres que são
de todos os venenos com certeza,
Aquele que mais nos consegue curar.

José Martinho
09-02-08


quinta-feira, maio 31, 2007

Tu

Há olhos que enfeitiçam e despertam o que a razão teima adormecer.
Há quem nos caia do céu como chuva fora de tempo.
E como no tempo, nunca se sabe o que vem por diante…
Orvalho que cai. Assenta poeiras, ideias… desperta o cheiro da calçada.
Por vezes águas descontroladas que enfurecem riachos.
Relâmpagos que mexem com a gente e logo abalam sem rasto no horizonte.
Sopram palavras de receio. Gelam os pingos que caiem como cristais imaculados.
Rugidos de trovão e raios de luz carregados de dúvida,
Temporais de emoções e nuvens que teimam em ocultar o sol.
E faz-me falta o seu calor… dias alegres…sorrisos rasgados.

Escutem-se longe os ventos e a tempestade
Atravessem os teus raios de luz o cinzento do céu,
Num arco-íris que me enche a vida de cores:
Violeta que me encanta e relaxa…
O azul celeste que me aviva sentimentos sem fim…
Verde que um dia inspirou a mesma natureza que agora te dá vida…
O Amarelo com que te pinto de ouro para depois me cegar com a sua luz …
Laranja que mancha de euforia a minha alma…
E Vermelho é o fogo que arde dentro de mim e me desperta o desejo apaixonado
Há dias assim… tempos de tormenta… pessoas que marcam.



Desejo esses raios de luz que dão vida,
O ar que respiras e os espaços que inundas…
Preciso escutar a tua voz que diz alegria,
A energia que transmite teu calor…
O sol, a lua, o céu, a chuva, o mundo…tu

José Martinho
31\05\07

quarta-feira, agosto 02, 2006

Vento



Soa bem, entre as folhas de arvore, este bailado do vento.
Sente-se o suave perfume das flores que lhe concedem nobreza,
De padrão simples e único, nada exuberantes...Da cor da natureza.
Imponente arvore que vingou da terra e roubou ao vento o seu alento.

Tombaram algumas flores...enfurecido está o vento.
Mas outras ficaram e deram frutos apetecidos.
Virou tornado, capitulando os ramos enfraquecidos.
E num elo inquebrável, as raízes fixam a terra e dão sustento.


Moldam novas formas estes ventos de mudança.
Ventos que sopram ... alegres ora enfurecidos,
Ventos que acalmam e o tempo leva para um lugar distante.


É esta arvore ganhou nova vida, uma nova esperança.
Construem-se ninhos, entre as folhagens escondidos...
Numa simples arvore indiferente ao vento, agora a mais importante...





José Martinho

02/08/06


sexta-feira, junho 30, 2006

Amor de poetas, loucos e sonhadores...


Detesto frases feitas porque acho que as pessoas deviam pensar por si e não estar recorrentemente a procurar e a citar ideias de outros. Mas como não se pode dizer “desta água não beberei”, e caindo por isso em contradição… eu próprio sou obrigado a recorrer a estas frases feitas para expressar o que me vai na alma.
Tudo isto para dizer que “A vida, às vezes, nos prega algumas partidas”… e algumas de muito mau gosto, diga-se!!!

Muitas vezes somos confrontados com encruzilhadas que ditam momentos significativos no destino de cada um.
Por um lado, existe todo um conjunto de valores que a religião e a educação nos incutem, por outro há todo um conjunto de circunstâncias que quase nos empurram para caminhos, no mínimo, complicados de pisar. Percursos que noutras circunstâncias seriam parte deste sonho maravilhoso que é viver e atingir metas…objectivos que nos fazem passar fugazmente por esta condição de seres humanos…racionais, emocionalmente sensíveis, pensantes… e enumeras vezes errantes.
Chega a ser quase revoltante não podermos ser os donos da nossa vida e das nossas decisões…isto porque elas afectam todos que nos rodeiam, prejudicando-os ou pelo menos condicionando o seu próprio destino… Complicada a vida…!!!

O tempo é um elemento que pode fazer toda a diferença entre um acto ser considerado bom ou condenável. O que a determinado momento poderia significar o curso natural das coisas, noutro tempo… noutro lugar… leva a que nos apontem o dedo recriminador roubado a um qualquer velho do Restelo, ou outro, mesmo até mais moderado e que aos nossos próprios olhos pareça mais credível, e por isso de ter em conta.
E tudo o que se aplica a TUDO, também faz sentido para as suas partes…
E em pequenas partes parece estar dividido o nosso coração. Já não basta termos ventrículos e aurículas a bombear o sangue arterial ou ven(en)oso que nos percorre as veias e nos mantêm vIvOs para a vida, também tínhamos que ter pedaços de um outro coração figurativo, que pulsam e sentem de maneira diferente e cada fragmento parece associar-se a outro ser por meio de laços de ternura, afectos, amores e desamores.
E todos estes fragmentos parecem lutar entre si, tentando ganhar um espaço maior dentro de nós. Cabe pois à razão travar e mediar este crescimento descontrolado que nos faz ter tanto de impulsivos e loucos como de sonhadores e seres intrigantemente felizes.
É impossível e mesmo egoísta da nossa parte, dedicar este sentimento tão genuíno chamado, amor a uma única pessoa. Se temos sentimentos, é bom que estes sejam partilhados com todos aqueles que gostamos e que dão sentido à nossa razão de existir.

Mas nem tudo é simples, e muito menos fácil de resolver.
Se é enternecedor e admirável o facto de podermos reservar às pessoas um cantinho do nosso coração, mais complicado se torna quando mais que uma porção pretende ocupar espaço de relevância. E em questão de amores e desamores, como alguém disse ou adaptou, “ o aMoR tem razões que a própria razão desconhece”.
De facto, pode parecer estranho alguém dizer-se enamorado de mais que uma pessoa como é moralmente aceitável. Mas o facto é que isso acontece, pois é impossível encontrar toda a nossa complementaridade numa só pessoa, até porque me recuso a pensar que somos apenas o produto de reacções químicas(mesmo que a minha componente dominantemente racional tenha esse factor em grande conta).
Não é de estranhar portanto que esta minha ideia me traga alguns pequenos dissabores, ainda mais quanto isto é algo impensável do ponto de vista moral.
Mas o facto é que pessoas diferentes podem ter características que nos atraem e estimulam intelectualmente, ou simplesmente despertam uma série de reacções glandulares ( parte significante das tais reacções químicas) que nos transformam naqueles seres quase irracionais e quase… descontrolados.

E é esta expressão e atitude que está a cair em desuso que dá pelo nome de MORAL, que me faz carregar esta Cruz. Penitência esta, que muitas vezes apetece deixar pelo caminho de tão doce se tornar o resto da caminhada.
E assim, desencontrados no tempo, andamos nesta balança onde às vezes pesa mais o bom senso, a que muitas vezes se interpõe como contra-peso, um pedaço emergente deste elemento chamado CORAÇÃO.


José Martinho
30-06-06

quarta-feira, abril 19, 2006

A máscara de quem tu és



Bastou um simples olhar para me sentir prisioneiro.
E no instante seguinte já os teus lábios soltavam palavras que seduziam.
A minha voz estremece a cada expressão que desenhas
E os meus fonemas mais parecem diálogos mudos ou banais.
Procuro-te uma e outra vez em busca de encantos e dissabores,
Mas perdes-te na futilidade dos valores... nesses hábitos que vestes.
E quase não me reconheço quando me revejo nesta valsa...
Estes compassos perdidos de enigmas por desvendar...

E hoje sou o teu par neste baile de máscaras.
E dançamos na cumplicidade dos teus falsos caprichos,
Enquanto procuro uma fraqueza neste disfarce onde te escondes.

Mas não me trai a tua voz porque escuto os teus olhos
Nem sequer me falta o teu rosto para desnudar o teu ser...
Porque esse teu manto oculta segredos que um simples olhar denuncia

Deixa-me ir mais além. Quero entrar nesse teu mundo,
Livrar-te desta mascara que te gela o pulsar do coração
E descobrir para onde voas quando os teus olhos se fecham.
E quando desvendar todos os teus medos e sonhos,
Então sei que também sou parte desse mundo de magia.
E não me afastam gestos ou palavras carregadas de mágoa,
Porque quero dançar nesse fogo que queima a quem te procura
E conhecer como a palma das minhas mãos o que de todos escondes.


José Martinho

12/02/06

terça-feira, novembro 29, 2005

Longe


Noites sem sono, à espera de um momento.
Contempla-se o silêncio…tantas horas perdidas!
Por momentos a ânsia domina o pensamento,
Foge-nos a razão... São ideias despidas…

Agora o tempo parou. No meu mundo entramos só nós.
O pudor fica lá fora. Agora estamos protegidos.
Silencia-se a discórdia. Por fim estamos sós,
Contemplando as diferenças… Despertamos os sentidos.

Longe, muito longe… Para lá do horizonte
Perdem-se as palavras e vivem as memórias.
Depositam-se esperanças, aprisiona-se o futuro.

Em busca da outra margem, cruza-se a ponte.
Liberta-se o ser, em busca de histórias.
Mas prende-nos a ira e corre-se em vão... Destrói-se algo puro…


Mas que pobre é o homem quando julga só o que vê,
Guiado pelo cego saber que procura insurgir.
E que cruel este silêncio, que nos afasta sem porquê…
Este muro surreal, que ambos ajudámos a construir.

Mas que loucos são aqueles que não acreditam...
Não se incitam ventos perigosos!
Por destinos encantados, estes nos arrastam.
Perdem-se no crepúsculo esses trilhos sinuosos.



José Martinho

28/11/05


sexta-feira, outubro 28, 2005

Medindo o imensurável absurdo...

Será possível quantificar o próximos que já estivemos de algo? Quanto nos faltou para a loucura? Será que algum dia tocámos a felicidade com a ponta dos dedos? Tudo está tão perto e ao mesmo tempo tão longe...

Tudo está ao nosso alcance, mas quase sempre nos foge por entre as mãos. É como se velejasse-mos num barco sem leme.

Onde ficou o amor...?! Para onde foi Aquele amor...?! Seria mesmo aquele...? Seria mesmo amor...? Se o foi, esvaneceu-se agora como a água da chuva se evapora, seguindo assim a sua sina, na necessidade de um dia voltara molhar a terra árida.

Todo o ciclo que se fecha anuncia uma nova etapa, uma nova porta que se abre, o começo de um novo ciclo.

A que distância ficámos do precipício...? Algum dia a sorte nos sorriu...? Talvez... e nós nem prestámos atenção. Julgáva-mos que fingia...

E o risco, pode ele ser medido...? Quase sempre sem sabermos, já nos podia ter acontecido quase tudo. O bom... o mau... e nós nem pensamos... vivemos, caminhamos e às vezes quase voamos...

Sim...! Quase sempre sonhamos...! Nos sonhos tudo está ao nosso alcance...
Tudo parece tão fácil...mas também ao acordar, tudo nos foge por entre os dedos da consciências... e de novo voltamos à vida... caminhando, arrastamo-nos por entre os homens, quase tocando os extremos sem nunca o adivinhar.

Quase que podia-mos ter padecido de algo, talvez algo fatal... mas alheios aos porquês, livramo-nos... Talvez o destino, quem sabe... talvez o acaso... quem sabe o vento... Quem sabe...!?

Por momentos chegamos a tocar no fundo... e de repente, ganhamos asas e voamos. Quase que atingimos o topo... quase sempre prevalece o "quase"...

E assim deambulamos uma e outra vez, neste labirinto confuso... nesta teia que nos prende e da qual nos recusamos a fugir... acomoda-se o Ego e ficamos conformados com o que temos... seja ele um punhado de areia ou o Mundo...

Sim, tudo é possível, afinal tudo está ao nosso alcance... à distância de um sonho... é só querermos, é só gritarmos e explodirmos contra nós próprios... contra as nossas amarras... é só querer, é só acordar...

Podemos cair, podemos desfalecer, mas em cada queda aprendemos a segurar-nos um pouco melhor.... ficamos mais fortes, ganhamos um novo fôlego e trepamos de novo...

Mas o cimo da montanha não se vê porque ficou coberto de nuvens. Pode ser já ali... ou talvez ainda tenhamos um longo caminho a percorrer... talvez o resto da vida.... ou quem sabe, o pouco que nos resta dela...

Se calhar o cume fica tão perto... se calhar era só querer... Se calhar era preciso correr... correr mais do que o tempo... correr atrás de tudo, nem que seja para perder tudo de novo... e esta dança não tem fim...só o tempo.

Talvez tudo comece com o acaso... e casualmente se liberte o génio das teias do demente, que dantes encarnara um simples vilão.

Até o sentido se perde por acaso. Mas quando...? Porque...?! Qual é o instante em que a razão deixa de o ser? A que distância fica tudo...?!

Talvez a uma dúzia de sonhos...
A uns quantos passos...
À distância de... eu quero, eu posso, eu sou capaz...
À distância de dois... Tu e o "Eu" que te trava...


27-10-05


José Martinho


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